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Epistola de Manoel Mendes Fogaça Dirigida de lisboa a hum amigo da sua terra, em que lhe refere como de repente se fez poeta, e lhe conta as proezas de hum rafeiro.   By: (1761-1831)

Book cover

In "Epistola de Manoel Mendes Fogaça", José Agostinho de Macedo invites readers into a world where the ordinary becomes extraordinary. Through a series of letters, the author recounts the story of Manoel Mendes Fogaça, a man who unexpectedly finds himself becoming a poet.

The epistolary format of the book adds an intimate and personal touch to the narrative, allowing readers to feel as though they are part of the conversation between Fogaça and his friend. Macedo's skillful storytelling and witty humor makes for an engaging read, keeping readers intrigued from start to finish.

One of the most captivating aspects of the book is the tale of a stray dog who becomes a hero in his own right. Fogaça's admiration for the rafeiro and the adventures they embark on together showcases the power of friendship and the unexpected sources of inspiration that can spark creativity.

Overall, "Epistola de Manoel Mendes Fogaça" is a charming and humorous story that celebrates the beauty of storytelling and the magic of everyday life. Macedo's unique narrative voice and vivid imagery make this a book that is sure to resonate with readers of all ages.

First Page:

EPISTOLA

DE

MANOEL MENDES FOGAÇA.

DIRIGIDA DE LISBOA A HUM AMIGO DA SUA TERRA, EM QUE LHE REFERE COMO DE REPENTE SE FEZ POETA, E LHE CONTA AS PROEZAS DE HUM RAFEIRO.

LISBOA:

Na Impressão de João Nunes Esteves

Anno. 1822.

EPISTOLA.

Por certo, Amigo, que benzer te deves De me observares subito Poeta! Em proza de lá vim, e escrevo em verso! De perfeita saude hum corpo goza, E he do contagio subito assaltado. Se entre doentes de malignas vive. Nunca grassou na Imperial Lisboa Maior contagião de infindos Vates: He tinha que se apega, e se propaga, Como se estende no Levante a peste. Entro em hum Botequim, são Vates todos; Eu bebo tãobem ponche, e fico Vate. Se vou para a Comedia, ouço Elogios, E quando volto pela rua grito: =Honra, Patria, Virtude, ó Tejo, ó Douro. Brilhai na escuridão; que azeite falta.= Vem n'hum Jornal o invento do Antimonio, E a maneira subtil de, cães, e burros Mortos, tornar em branco Espermacete; Lá vem versos tãobem, taes e quejandos: "O homem he fungo, e germen de monturo." Eu li co'os olhos meus esta sentença; Deos pague ao seu auctor, quem quer que seja, O completo elogio á raça humana! Onde todos são Vates sou Poeta: Tudo novo aqui he, tudo he prodigio: Eu jà cançado de lidar co'os homens, De observar sem proveito os seus costumes, Por hum capricho, que esquecêra a Jacques, Ando observando a Cafila infinita De matilhas de cães, que pejão tudo, A quem Lagarde fez sangrenta guerra: Pragmatica Sancção de Canicidio Aqui duplicou, fogirão todos Do terrivel Caligula pelado, Depois que as Aguias rapinantes forão Ás mãos dos fortes Luzos derrabadas, E a Falange infernal de trapo e fome Fatiota entrouxou, que não trouxera... Continue reading book >>




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